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Weihenstephan - A cervejaria mais antiga do mundo

Pense em um país de grande tradição cervejeira. Aposto que você pensou na Alemanha, certo? Como já dissemos em um post dedicado a essa incrível Escola de Cerveja, muitas pessoas acreditam, inclusive, que a bebida foi inventada por lá. E, muito embora os primeiros fermentados de cevada sejam atribuídos aos sumérios, milhares de anos atrás, a região da Alemanha está intimamente ligada à história da cerveja.


Como se pode imaginar, os ingredientes e formas de preparo mudaram muito ao longo do tempo, até que, por volta do ano 1.000 d. c., o lúpulo foi incluído na receita para nunca mais sair. Estava assim criada o que podemos chamar de cerveja moderna, a fórmula básica que se espalhou por toda a Europa e deu origem a praticamente todos os estilos atuais. E adivinha onde isso aconteceu? Exatamente, na região da Alemanha.


E sabe outra coisa que aconteceu por volta do ano 1.000 e que também é super importante para a história da nossa bebida favorita? Estava sendo criada a cervejaria mais antiga e que segue em funcionamento até hoje. Sim, caros amigos e amigas, nesse post falaremos sobre a lendária Weihenstephan, que atravessou um milênio para chegar até nós. Então encha um copo, bata o pó dos alfarrábios e venha com a gente saborear mais um pedaço deliciosamente fundamental da história da cerveja.


História da Weihenstephan


O ano oficial da criação da Weihenstephan é 1.040, que corresponde ao momento em que a cervejaria recebeu a licença para comercializar sua produção. Mas, como se já não fosse fantástico o suficiente que essa cervejaria exista há quase mil anos, o início do seu funcionamento é ainda mais antigo.


Em 720, o Bispo Corbiniano (que depois virou santo) fundou uma igreja em homenagem a São Estevão na colina de Weihenstephan, que está localizada na cidade de Freising, Bavária. Um monastério foi criado algum tempo depois, e se acredita que já em 768 os monges produziam cerveja lá, muito provavelmente para consumo próprio. Há, inclusive, registros de uma plantação de lúpulo nas redondezas, o que faz dessa cerveja uma das primeiras da história a utilizar o que hoje é um ingrediente obrigatório em qualquer estilo. A popularização do lúpulo, no entanto, foi acontecer por volta do ano 1.000, quando escritos como o da Abadessa Hildegard começaram a recomendar o seu uso para fins de sabor e melhor conservação da bebida. Ou seja, a história da Weihenstephan se confunde com a história da cerveja moderna, não só pela idade da cervejaria, mas também pela ligação direta com esse passo fundamental para chegarmos na receita básica que é utilizada até hoje por cervejeiros do mundo todo.


Por séculos, os monges Beneditinos do monastério de Weihenstephan foram os responsáveis pela produção e venda da bebida, até que nos anos 1800 a cervejaria foi tornada estatal. Até hoje, ela é controlada pelo governo da Bavária, sob o nome de Bayerische Staatsbrauerei Weihenstephan (Cervejaria Bávara Estatal Weihenstephan). Mas nem por isso deixa de ser uma empresa moderna e que segue práticas do setor privado. Em associação à cervejaria, foi instalada uma universidade que está (embora não exclusivamente) diretamente associada à pesquisa e ensino da cerveja, tendo se tornado um dos centros mais importantes e reconhecidos do mundo na formação de profissionais cervejeiros.


A Weihenstephan produz, atualmente, diversos estilos de cerveja, todos seguindo a Lei de Pureza alemã: os ingredientes permitidos são apenas água, lúpulo e cevada (abrindo uma exceção para as cervejas de trigo, claro).


Em algum momento farei um post apenas para discutir a famosa Reinheitsgebot, de 1516, uma vez que seu principal objetivo não era tão nobre quanto costumamos acreditar.

Mas, de qualquer maneira, esse é um marco importante para toda a Escola Alemã, já que os consumidores dificilmente aceitam cervejas que estejam fora desses parâmetros até hoje. E, para resistir à passagem do tempo de maneira tão resiliente, a Weihenstephan só podia estar de acordo com a tradição local, o que faz dela não apenas uma importante peça da história da cerveja, mas também uma legítima representante do que há de mais alemão no mundo das cervejas nos últimos séculos.


As cervejas da Weihenstephan


A Weihenstephan é muito famosa por suas cervejas de trigo, mas também produz lagers claras, como a Pils (versão alemã da tcheca Pilsner) e a Helles (estilo originalmente de Munique). Entre as várias cervejas produzidas, iremos explorar a Weihenstephaner Hefe Weissbier e a Weihenstephaner Original Helles, dois de seus rótulos mais tradicionais.


Não há muito a se dizer de uma cerveja como essa além de t-r-a-d-i-c-i-o-n-a-l. Produzida há séculos (literalmente!), ela tem aroma e sabor de malte que se mistura muito bem às notas de cravo e banana, típicas do estilo. Como ela não é filtrada, recebe a designação Hefe, o que significa que ela é turva. Isso pouco interfere no sabor ou aroma, mas há que jure de pé junto que a cerveja não-filtrada tem mais sabor. Uma cerveja refrescante, excelente para ser bebida em quase qualquer hora do dia (eu já tomei até em um café da manhã Bávaro, com cuca e salsicha bock – e recomendo!).


O estilo Helles é extremamente leve e refrescante, onde predominam as notas de malte, remetendo a miolo de pão, com um leve toque floral/herbal de lúpulo. Uma cerveja lager clara e límpida, de baixo amargor e alta drinkability. E, embora leve, é muito saborosa, bem diferente das cervejas leves e claras produzidas pelas cervejarias de massa do Brasil. É perfeita para acompanhar petiscos ou mesmo ser saboreada sozinha, para ser apreciada em toda a profundidade do seu sabor tradicional.

A curiosidade de provar estas legítimas representantes do sabor da Escola Alemã já bateu por aí? Então aproveita e corre para nossa loja, onde você encontra esses e outros rótulos do mundo inteiro. Como a gente sempre diz, vale muito a pena investir para beber cervejas que vão além do sabor. Beber esse pedacinho da história é obrigatório para qualquer apreciador da bebida, ainda mais quando está a apenas alguns cliques de distância.


E aí, curtiu essa história? Então fique ligado aqui no blog, porque seguiremos explorando as Escolas, marcas e rótulos mais importantes do mundo cervejeiro.

E até o próximo post, Saúde! Prosit!

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